Kristin McCarley, corretora de imóveis nos Estados Unidos, usou o TikTok para contar como descobriu que havia sido demitida. A profissional recebeu uma mensagem do chefe às 22h36 de um sábado com um recado direto. O......
Publicado em 27 de novembro de 2025
Kristin McCarley, corretora de imóveis nos Estados Unidos, usou o TikTok para contar como descobriu que havia sido demitida. A profissional recebeu uma mensagem do chefe às 22h36 de um sábado com um recado direto. O vídeo em que relata o caso ultrapassou 1,7 milhão de visualizações na plataforma e gerou indignação entre os usuários. Segundo especialistas ouvidos por PEGN, no Brasil, não há uma padronização sobre o canal em que uma demissão deve ocorrer, mas o processo deve ser respeitoso e seguir os demais direitos da CLT.
“Não venha na segunda. Fiz mudanças no escritório. Eu tenho que te dispensar.”, escreveu a chefe de McCarley. Horas depois, à 1h07 do domingo, ele enviou outra mensagem, desta vez com a captura de tela de uma foto dela ao lado de uma amiga nas redes sociais — algo que, segundo McCarley, tornou toda a situação ainda mais estranha.
Nos comentários, muitos sugeriram que ela procurasse o departamento de RH da empresa ou até mesmo um advogado. A história reacendeu discussões sobre práticas inadequadas de gestão e a importância de limites claros entre vida pessoal e profissional. “Hora de processar”, comentou alguém. “Isso é incrivelmente antiprofissional”, opinou outro. “Achei que estavam te dando uma folga”, complementou um usuário.
É permitido demitir funcionários por mensagem de texto no Brasil?
Segundo advogados consultados por PEGN, a prática não seria considerada ilegal se tivesse acontecido no Brasil. “A CLT não determina um formato específico para avisar o trabalhador da dispensa. O que ela exige é que a empresa cumpra os procedimentos formais da rescisão”, aponta Paulo Valed Perry Filho, do escritório Eichenberg, Lobato, Abreu & Advogados Associados.
Segundo ele, a prática é válida, mas deve ser evitada para que não ocorra desentendimentos. “Não é recomendável, especialmente em empresas estruturadas, pois pode gerar interpretações de desrespeito, aparente desorganização corporativa, falhas de comunicação e até risco de judicialização”, aponta.
A demissão por mensagem por si só não é ilegal, mas caso as mensagens sejam ofensivas, a empresa pode ser responsabilizada. “Se o conteúdo da mensagem expuser o trabalhador à humilhação, ironia, constrangimento ou tratamento indigno, pode haver caracterização de assédio moral, com possibilidade de indenização. A Justiça do Trabalho já considerou ofensivo, em alguns casos, o uso de mensagens ríspidas ou irônicas para desligar empregados”, diz Perry Filho.
As demissões devem ocorrer somente durante o expediente?
Quanto ao horário em que a demissão por texto acontece, não há previsão legal para que o desligamento ocorra apenas durante o horário de trabalho do empregado. "É necessário analisar caso a caso. Dependendo das circunstâncias e da forma de condução, essa prática pode, em certas situações, ser considerada abusiva, sendo importante a atenção com o teor da mensagem", diz Paola Tosta, advogada do escritório Peluso, Guaritá, Borges e Rezende Advogados.
Recomendações especiais
A comunicação por escrito ainda pode gerar desentendimentos e dúvidas em relação à demissão. Por isso, especialistas indicam que colaboradores guardem a mensagem, caso isso ocorra, e peçam esclarecimentos, se houver necessidade. “Verifique se o número efetivamente é do empregador e se tem informações indicativas na mensagem de que trata-se efetivamente de sua pessoa”, sugere Keila Freitas, especialista em direito do Trabalho do Ferrareze e Freitas Advogados.
Além disso, é possível seguir alguns passos para garantir que os direitos após a decisão sejam garantidos. Veja as orientações de Danilo Schettini, especialista em direito do trabalho:
"Caso o empregado tenha dúvidas, deve solicitar esclarecimentos e, na hipótese de indícios de irregularidade, é recomendável buscar orientação jurídica ou do sindicato para conferir se os direitos estão sendo corretamente pagos", complementa Perry Filho.
Fonte: Revista Pegn